Era
uma vez um mercador de tapetes que viu que o seu mais belo tapete tinhaum
calombo no centro.
Ele
pisou no calombo a fim de achatá-lo - e conseguiu. Mas o calombo reapareceu em
outro lugar.
O
mercador pisou-o mais uma vez, e o calombo desapareceu - apenas por um momento,
pois logo
reapareceu
em outro lugar.
O
mercador continuou a pular sobre o tapete pisoteando com raiva, até que
finalmente
levantou
a ponta do tapete e viu uma cobra sair debaixo
dele.(*)
O
Calombo & a Cultura Empresarial...
Nestes
vários anos como consultor, aprendi a perceber o poder da cultura empresarial.
Esse poder é tão grande que “enfeitiça” as pessoas, transformando-as em soldados
fiéis - kamikazes da batalha empresarial - ou em “zumbis”, sem razão ou
emoção.
Aprendi
que a cultura empresarial é sempre responsável pelo que acontece de bom e de
ruim nas empresas. Ao tentar implementar qualquer mudança, logo
ouvimos:
-
Não vai dar certo...
-
Não tem verba para isso...
-
Já vi esse filme antes...
-
Aqui!? Não muda nada...
-
Com esse chefe que nós temos! Hummm!
São
comportamentos suficientes para minar os esforços de mudança de qualquer
organização. Quando uma mudança dá certo, o mérito é do “grande chefe” que teve
determinação, coragem e visão. Quando não dá, é a cultura que não
permitiu.
Mas
o que é cultura empresarial? O que é "esse animal" senão as conseqüências do
estilo e da forma como a empresa é administrada? E quem administra? É o dono, as
lideranças, os funcionários. Todos no mesmo barco fazendo a cultura da empresa.
Querem mudar, mas dizem que a cultura – que eles cultivam – não permite. Então,
pode-se concluir que eles, na verdade, não querem mudar... Ou não querem sair de
suas “zonas de conforto”.
Creio
que existem algumas razões autênticas para tais comportamentos muito comuns nas
organizações:
Primeiro:
A velha hierarquia do poder.
Com
muitos séculos de idade a estrutura hierárquica nos submete a uma condição de
inferioridade, subordinação, manipulação e submissão; e não há nada mais que
brilhe aos olhos de um indivíduo do que o sentimento de poder sobre alguém.
Shakespeare falou: "Dê poder ao homem e descobrirás quem realmente ele é".
Parece que não, mas a regra ainda é: Manda quem pode obedece quem tem juízo.
Investimos milhares de reais em treinamento de liderança para os chefes para
dar-lhes autonomia, mas, na prática, os resultados são quase ridículos.
Competência
não se compra. Se adquire com autoconhecimento, habilidades pessoais,
experimentação, observação, estudos e pesquisas; errando e acertando.
Segundo:
A incompatibilidade de interesses.
Do
"dono da empresa" tem-se a imagem de egoísta, voltado somente para o lucro, que
demite por prazer e tem atitudes impessoais e antipáticas. Geralmente os
executivos são reprodutores deste modelo.
Os
funcionários, alimentados por ideologias sindicais ultrapassadas, têm a imagem
dos empresários como tubarões à espreita, prontos para tirar-lhes algo. A
história tem demonstrado isso ao longo do tempo. Esse comportamento de
arrogância do “patrão” e de submissão dos funcionários tem passado de pai para
filho. Se você, leitor, quer comprovar esse fato, observe como o pessoal mais
jovem se dirige a um chefe. Essa incompatibilidade tem diminuído, mas a passos
muito lentos.
De
qualquer forma, ainda é um fator inibidor para o estabelecimento de uma cultura
empresarial mais inteligente e saudável.
Terceiro:
A comunicação precária é grande vilã do cenário
empresarial.
Pesquisas
revelam que 90% dos problemas de uma empresa são provocados por falhas na
comunicação. Jornais, murais, videoconferências, e-mails, intranet, extranet e
internet são excelentes recursos de comunicação, mas o verdadeiro veículo é o
indivíduo. São os diretores, as pessoas, os líderes. Se gasta muito dinheiro em
veículos de
comunicação
impressa e virtual, e quase nada no "veículo humano". Os espaços vazios deixados
pela comunicação institucional são ocupados por boatos e fofocas que tiram a
energia das pessoas. Perde-se muito tempo querendo saber coisas do próprio
trabalho – para fazer melhor – ou do próximo a ser demitido. Quando a
comunicação não está presente, as pessoas enchem suas mentes com fantasmas,
desviando a atenção para o que não importa. A comunicação, quando bem
trabalhada, é um fator por excelência de produtividade. Mas continuamos fazendo
o jornalzinho e colando papéis com textos formais nos quadros de aviso, alheios
ao que realmente se passa na empresa.
Quarto:
São
os processos e as tecnologias de trabalho indefinidos ou confusos, as
responsabilidades pouco claras, são fatores de stress e retrabalho para todos os
funcionários. A vida útil – emocional - das pessoas que trabalham num ambiente
deste tipo é curta. É como uma bateria sem recarga. Acabou, trocou. A única
saída destas empresas é aumentar a rotatividade do pessoal e com isto todos os
custos decorrentes. Esta é a maneira mais rápida de matar um negócio a médio ou
longo prazo.
Cultura
empresarial é coisa séria pois as neuroses e pressões da vida moderna são
levadas para dentro das empresas e, nesses ambientes, são exercitados os jogos
territoriais. Uma "cultura" fértil para situações de submissão, agressividade,
desconfiança, rebeldia, conflitos - característicos de "ambientes contaminados”
de trabalho – que minam a energia e a produtividade das pessoas. A sobrevivência
dos empregos passa a ser prioridade número UM das pessoas.
Levantando
a ponta do tapete.
Para
corrigir algumas destas distorções, sugiro que façamos uma reflexão sobre os
itens abaixo:
•
Clareza de objetivos
Em
que grau a empresa tem seus objetivos claros, definidos, formalmente para médio
e longo prazo? Esses objetivos devem ser revistos semanalmente se for o
caso.
•
Integração e comunicação
Com
que clareza esses objetivos são comunicados e qual o nível de comprometimento
existente?
•
Estrutura organizacional
Nossa
estrutura organizacional facilita a coordenação de ações, esforços e a
realização dos objetivos e das estratégias?
•
Qualidade da decisão
Em
que medida na nossa hierarquia as decisões são tomadas e com que
velocidade?
•
“Drive”
Nossa
empresa é dinâmica, está atenta às mudanças, tem senso de oportunidade,
estabelece objetivos arrojados e cria um ambiente
motivador?
•
Relacionamento com clientes
Qual
é o nível de satisfação dos nossos clientes com os serviços que
oferecemos?
•
Concorrência
Qual
o nível de informação e conhecimento que temos sobre nossos
concorrentes?
•
Desempenho profissional
O
quanto o trabalho é estimulante para os funcionários e oferece desafios
profissionais?
•
Aprendizado
Nossa
empresa estimula e proporciona oportunidade de desenvolvimento pessoal e
profissional para os funcionários?
Um
grande avanço para a transformação é reconhecer que a gestão da cultura
organizacional é responsabilidade de todos e que ela é capaz de superar
barreiras físicas e psicológicas. Também é capaz de perpetuar a empresa e,
principalmente, facilitar o alinhamento dos interesses.
Gastamos
muita energia nos envolvendo com situações de insatisfação, desmotivação,
desencontros, conflitos não resolvidos, jogos de poder, jogos de sedução; quando
deveríamos estar concentrados naquilo que realmente importa: A SINERGIA VOLTADA
PARA RESULTADOS, QUALIDADE DE VIDA - FOCO !
Radicalizando,
poderíamos dizer que quando se trata de cultura e clima organizacionais não
existe meio termo. É cada vez mais difícil para uma empresa navegar em águas
turbulentas junto com algumas pessoas que “parecem remar contra”. Isto atrasa o
nosso ritmo e o que mais precisamos nos dias de hoje é de velocidade e
competência. Quando nos mobilizamos para resultados mais superiores natural e
sutilmente, separaremos o “joio do trigo”.
COMECE
AGORA A LEVANTAR A PONTA DO TAPETE ou é melhor você ir “plantar bananeira na
praia”.
J.Ferrari
(*)
Texto do livro "A Quinta Disciplina" - Peter Senge
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